segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sangue, Suor e Lágrimas

Imagem extraída de https://www.facebook.com/DFBTeam


A Copa do Mundo sofreu muitas críticas, mas a qualidade dos jogos é totalmente inquestionável. Temos goleadas, futebol bonito, duelos táticos e partidas emocionantes como este Alemanha x Argélia, talvez a partida mais dramática e disputada até o momento.

A Alemanha entrou em campo com seu "estranho e eficiente" 4-2-3-1 para valorizar a posse da bola, enquanto a Argélia, também escalada em 4-2-3-1 alternando com 3-4-3, utilizou as táticas "anti-Barcelona" para anular a Mannschaft. Mais do que isso: as Raposas-do-Deserto, embora tenham criado suas melhores chances no contra-ataque, atuaram sem rifar a bola, efetuaram alguns belos dribles e foram bastante leais ao cometerem pouquíssimas faltas. Os argelinos, mesmo adotando uma postura estritamente defensiva em campo, não tiveram medo dos alemães e lutaram de igual para igual.


Alemanha no 4-2-3-1 adianta a marcação e ocupa o campo de
ataque para trocar passes, mas esbarra na superioridade numérica
dos argelinos. Argélia alterna 4-2-3-1 com 3-4-3 (dependendo do
posicionamento dos laterais e do volante Mostefa) e articula
contra-golpes velozes pelas pontas, principalmente com Soudani.
Neuer, adiantado, sai jogando com os pés e faz muitos desarmes
mesmo de fora da área (obtido via this11.com).


O treinador Joachim Löw volta no segundo tempo com uma equipe mais vertical, tendo Schürrle como referência na área (embora ele tenha, na prática, atuado muito mais como "falso nove"), Lahm de volta à lateral-direita na vaga do lesionado Mustafi, e Khedira fazendo dupla com Schweinsteiger no meio. Aparentemente satisfeito com o desempenho de sua equipe, o treinador Vahid Halilhodžić não altera sua equipe nem seu estilo de jogo -sai apenas o exausto Saphir Taïder ao final da segunda etapa para dar lugar a Yacine Brahimi.


Mais vertical, Alemanha leva mais perigo ao gol de M'Bolhi.
Argélia insiste nas armas "anti-Barcelona" ao lotar o campo
de defesa e adiantar a marcação com Soudani, Slimani e Feghouli.
Neuer, quase como um "líbero", continua saindo da área
e fazendo desarmes (obtido via this11.com).


Toda a garra e valentia da Argélia teve um preço: a equipe africana se desgastou muito mais fisicamente ao se movimentar com intensidade nos 90 minutos iniciais. Com isso, as Raposas-do-Deserto não tiveram pernas na prorrogação, enquanto a Alemanha, que passou a maior parte do tempo trocando passes, conservou sua energia e teve mais fôlego no tempo extra.

Um ataque surpresa protagonizado por Müller e Schürrle, enfim, fez a forte defesa argelina ceder. A exaustão da Argélia era evidente e a Alemanha passou a encurralar os africanos ao adiantar sua marcação. Veio o segundo gol alemão, mas Djabou achou um gol para a Argélia segundos depois do tento de Özil.


Exaustos, os argelinos foram superados pela Alemanha  e ainda
se deixaram encurralar pelos rivais. Mas, em um pequeno descuido
de Lahm pela direita, Djabou fez o gol que deu sobrevida às
esgotadas Raposas-do-Deserto, porém não houve tempo para
iniciar uma reação (imagem obtida via this11.com).


O gol de Djabou animou a Argélia e as Raposas-do-Deserto tiraram do fundo do coração as energias que seus corpos não mais possuíam, mas não houve mais tempo para buscar um empate. Desolados, os jogadores argelinos desabaram em campo. O treinador Vahid Halilhodžić não segurou as lágrimas e foi abraçado por todo seu elenco. Mesmo com tantos problemas, o técnico teve o seu trabalho e esforço reconhecidos, recebendo o merecido carinho do elenco e do público presente.

Estou muito satisfeito com a classificação da Alemanha e seu magnífico futebol, mas tiro meu chapéu a Vahid Halilhodžić e seus comandados. Eles foram leais, valentes e jogaram defensivamente sem serem pragmáticos. Pena que apenas um tem o direito de avançar no mata-mata.

Nenhuma das duas equipes merecia ter perdido.


Imagem extraída de https://www.facebook.com/fifaworldcup

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